Há sinos que tocam na minha cabeça,
para que eu ouça o azul. Mas não quero
este angelus sem fim, e ato as nuvens
brancas do verão com um laço
de treva para as deitar para o lixo,
esperando que uma reciclagem
de metáforas as transforme em verso.
É como se o poema avançasse num
tampo de mesa, e as suas estrofes tivessem
como único limite os rebordos onde pouso
o cotovelo. Ouço-o, por entre o murmúrio
de conversas do café onde espero
que o tempo chegue; e a sua luz
desfaz-se nos meus olhos.
A quem irei contar a minha história? Os
dias sem princípio nem fim? A porta
que deixei encostada, e ninguém
abriu? O sonho que secou nos vidros
da janela? Um coágulo de palavras
na ferida das frases? O licor do desejo
no copo vazio do amor?
( Nuno Júdice)
( Nuno Júdice)
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