29 de abril de 2008

Ser ou não ser analógico ?

" Sou um dos homens analógicos neste tempo virtual. Tenho medo de fazer compras pela net, ainda compro discos e DVD e recuso-me instintivamente a utilizar Kapas num sms. A aldeia global é um avanço lindo mas por vezes a vizinhança assusta-me." Luís Filipe Borges in Tabu ( suplemento do Jornal Sol desta semana )

Pela minha parte, e vista desta perspectiva, eu também sou um homem analógico.E tu ?

27 de abril de 2008

Como uma brisa fresca num dia quente

Foi o que senti quando vi hoje " Juno" . Um filme MARAVILHOSO, a merecer todo o hype que teve, e continua a ter. E com um dos finais mais enternecedores que já vi.

A liberdade para sorrir

À 34 anos atrás, vários homens valentes lutaram para que a liberdade emergisse do escuro onde estava votada, contra um regime demente, além de terem terminado uma guerra estúpida e sem sentido. Com essa vitória, veio a liberdade de expressão, a liberdade de criticar, a liberdade de podermos fazer muitas coisas até aí impossíveis. Uma dessas coisas é ter a liberdade de sair de casa à noite para...sorrir.

Porque a vida necessita sempre que tenhamos um sorriso para dar, mesmo que ela não ajude e nos tente puxar para o fundo, ás vezes nada como dar um bom sorriso, bem alto, ao lado de gente que se gosta, para descontrair e tirar do peito melancolias que teimam em não quererem desaparecer.

Na véspera do feriado de 25 Abril, e em jeito de comemoração dessa mesma liberdade, respondi positivamente, e diga-se alegremente, a um convite para sair para sorrir. Entre um copo e um dedo de conversa, apenas para fazer isso...sorrir.
Como se fosse uma homenagem a esse sorriso livre que poderemos agora gozar. Sorri muito, com satisfação, ás vezes fazendo mesmo para não evitar uma ou outra gargalhada. E sem medo que esteja alguém à nossa espera para nos questionar a razão dos nossos sorrisos.Todos nós éramos livres para sorrir e todos nós somos livres para viver com um sorriso, e de sorrir de todas as maneiras.

Num lado estavam 3 artistas sentados muito divertidos, noutro estava um público disposto a ouvi-los (...alguns, que o silêncio não era lá muito) a sorrirem juntos e libertarem de todas as energias negativas, protagonizando bons momentos de diversão, que já à muito não me lembrava de viver.

Ainda tivemos tempo para a surpresa da primeira actuação ( envergonhada, é certo, mas irrepreensível.) do nosso elemento mais novo, prometendo-quem sabe ?- um futuro a fazer sorrir em cima dos palcos.

Para final da festa, acabamos todos juntos a cantar " Grândola, Vila Morena" bem alto e com a letra na ponta da língua, festejando essa mesma liberdade conquistada à 34 anos atrás .

Para repetir ? Pois claro, o mais brevemente possível. 25 de Abril sempre ! E a liberdade para sorrirmos também !

Nota - Para uma maior compreensão deste post, acrescento que o bar chama-se " B'artista", fica em Matosinhos, ás 5ªs feiras tem noites de anedotas, assim como 6ªs e sábados noites de stand-up comedy, de artistas conhecidos. Além disso, conquistaram-me pela sua imensa simpatia, simplicidade e, pois claro, boa disposição. E como isso não bastasse, um dos proprietários é um grande campeão de hóquei em patins - do FCP, pois claro- de nome Reinaldo Ventura. Aconselhável para quem queira sorrir. Com boa companhia, de preferência.

24 de abril de 2008

A comunhão de Lazarus


Há noites assim, frias a convidar ligar o ar condicionado do carro, onde o vento assobia como se fosse uma banda sonora de um western de Leone e a chuva cai, insistentemente, molhando os corpos, ansiosos, que se movimentam, apressadamente, rumo ao local desejado. Uma noite perfeita para relembrar espíritos inquietos onde todo o seu misticismo é único.

Há concertos assim, onde o público e o artista são um só, onde todas as vozes se juntam por vários momentos parecendo que o mundo iria terminar naquele dia, e todos juntos proporcionam momentos inesquecíveis para quem os viveu. A isso chama-se comunhão.

O pregador veio vestido com um fato elegante preto, camisa entreaberta, gel no cabelo penteado para trás, mas a não disfarçar umas entradas salientes fruto da idade, bigode farfalhudo, ao bom estilo de um galã sacana, ou talvez de um chulo com classe. Gabo-lhe o estilo. A pose. O olhar contemplador que vê um público que lhe é fiel desde o primeiro minuto. Ele vem pronto para pregar e o rebanho pronto para o ouvir. Mãos ao alto, corpo a abanar de forma esquizofrénica, pensa-se que ele vai pregar para o meio do público, mas não, ele sabe quando parar, e contempla, seduzindo quem está à sua frente. Parece pintar figuras abstractas no ar, inflamando a plateia com a sua voz tão grave e tão forte que parece-se ouvir em todos os recantos.

O pregador tem vários acólitos que o ajudam a passar as suas mensagens duma forma fantástica, com destaque a um, que tem estilo de mendigo, mas é o chamado " homem dos sete instrumentos" e o verdadeiro pêndulo, ou talvez " mestre maior", duma banda que debita um som duro, cru, mas muito intenso.

Na segunda música grita desenfreadamente " We're gonna have a real good time tonight " e à quarta música exige a presença de Lazarus com uma raiva tal que até o espírito evocado tem medo dele, após ter cantado uma " murder song" onde pôs a plateia a erguer para o céu a sua " Red Right Hand ".

A partir daí, todos estavam convidados para se juntarem à sua maravilhosa pregação, sempre intensa, não desiludindo os seus fiéis que corresponderiam com prazer e dedicação extrema, e procuravam imitar a dança, tão esquisita como encantadora, que viam o pregador fazer no palco.

Há momentos da pregação mais positivos do que outros, momentos que passam e logo remetemos ao esquecimento e outros que os iremos guardar no baú das recordações para nunca mais lá saírem. Essa inconstância, embora não se notasse muito, é normal devido à rodagem das preces, acredito que depois de mais rodado o material, as pregações serão ainda mais intensas e devastadoras .

Desde a música onde invoca uma mulher australiana de nome " Deanna" que termina quase abruptamente e onde o público gritou bem alto as últimas palavras, até uma " The Ship Song" maravilhosamente arrepiante, passando por uma " Let Love In" vibrante, a frenética " Midnight Man ", a balada envolvente de " Jesus to the Moon ", uma "" Stagger Lee" irreconhecívelmente bela, uma " Straight to You" aclamada a sete ventos por todos, ou, já quase no final, uma " We call Upon the Author" com momentos dançantes pensando que estamos, por momentos, numa discoteca gigante, tudo momentos únicos e irrepetíveis, pelo menos com aquela densidade.

Um dos, poucos, momentos negativos surge logo no primeiro encore quando o pregador se senta ao piano, lança os primeiros acordes de " Into my Arms" e conclui que afinal não poderá tocá-la por não ter um instrumento necessário, ao que ele reage irritadamente,desiludindo um público que já se preparava para gravar um momento que tinha tudo para ser inesquecível e comovente .

Lazarus, esse espírito evocado várias vezes, andou por lá, bem no meio do público, a dançar freneticamente, abanando a cabeça e fechando os olhos para que a música entranhasse dentro de si e o levasse para outra dimensão.

E, surpresa, deixou uma mensagem, neste caso, em forma de água, um elemento necessário em celebrações. Ele andou pela casa de banho dos homens e, provavelmente, abriu as torneiras de tal maneira deixando-as a verter água que acabou por inundar o chão do local da pregação, obrigando a que, quem passasse por lá, arregaça-se as calças para não se molhar todo e andasse, literalmente, no meio de uma pequena amostra de um rio.

Lazarus é um sacana. Mas o seu pregador é o máximo. Obrifuckingado Mr. Cave.

21 de abril de 2008

Changes

"Todo o mundo é composto por mudança", lá diz o poeta, e é verdade. À medida que vamos envelhecendo, provavelmente a frase correcta seria " à medida que vamos amadurecendo", sentimos isso cada vez mais, que as mudanças no nosso quotidiano são rápidas, nem damos por elas e só quando paramos para reflectir é que temos a noção disso, por isso temos de viver, cada vez mais, o momento.

Ainda hoje, a vida de um grande amigo poderia mudar num minuto para outro, um exame, que se previa fácil e sem problemas, complicou-se e, num minuto, que se prolongou por alguns minutos, todos os sonhos e esperanças num futuro poderiam terminar ali na cama de um hospital, mas, felizmente, tudo se resolveu e agora resta-lhe apenas emendar os erros que lhe proporcionaram um valente susto.

No outro dia, estive com um casal amigo e eles recordavam-me que à um ano atrás, estávamos todos juntos num casamento de um amigo comum, depois de me despedir deles, pensei que o tempo nem passou muito depressa, mas a minha vida, e das pessoas que me rodeiam, mudou imenso.

É o que sinto ao rever fotografias antigas, como nós mudamos, como a nossa vida é diferente, como os miúdos cresceram, mas, penso eu, a minha maior questão é mesmo compreender se gozei, ou gozo, estas mudanças que se proporcionaram na minha vida e se estive, e estou, preparado para outras mudanças que possam vir a acontecer no futuro. Como disse Boris Vian
" corremos com toda a força para o futuro e vamos tão depressa que o presente nos escapa e a poeira da nossa corrida nos esconde o passado".

Mas, como costumo fazer sempre essa reflexão por altura do meu aniversário e ele ainda vem, mais ou menos, longe e ainda muitas coisas vão acontecer, nessa altura farei uma reflexão mais profunda das mudanças que aconteceram na minha vida. Mas, para já, tenho um saldo positivíssimo e isso é o mais importante.

Apesar de não parecer muito, isto também tem a haver com a mudança de template no blog, porque o outro já me cansava e também porque neste quero mostrar mais coisas de mim, escrever mais sobre mim, e dos que me rodeiam, daquilo que observo, do que vou vivendo, ou até o que vou imaginando, como se a minha vida fosse um desfile de histórias . É como se fosse um fase nova na vida deste blog, mas mantendo coisas do outro.

A altura escolhida para mudar é que não foi a melhor, isto de mexer em html, #33500C4, de descodificar códigos informáticos, de experimentar coisas quando se é um simples curioso, até é engraçado, mas é necessário uma maior disponibilidade, ainda por cima num fim de semana onde não se quer perder pitada de ver o melhor jogador de ténis de sempre a jogar em Portugal ( aquela final estava a ser grandiosa, depois fiquei desconsolado...). Mas isto com o tempo vai-se completando e, espero eu, melhorando. Espero que gostem. Ou que continuem a gostar.

20 de abril de 2008

Dúvidas que surgiram aquando das mudanças no blog:

cor de fundo- pode ficar cinzento claro ou era melhor o, original, branco ?

E assim fica bem ou falta mais alguma coisinha ?

Podem aconselhar.

18 de abril de 2008


Esticar a pele, disfarçar as rugas, limpar as impurezas, aligeirar a cor, dar uma mexida na parte de cima, e, principalmente, alargar o corpo. Um verdadeiro lifting. É o que vai ser feito neste blog neste fim de semana. E tudo, porque encontrei um template que acho ser a cara ideal para o blog. Eu devo ser o blogger que mais faz alterações no seu template. Continuo a culpar o meu signo. Dizem que as pessoas do signo Gémeos são inquietas e que nunca estão bem. Diz, quem viu, que gostou. Espero que vocês também gostem.
No entanto, eu continuo a ser o mesmo.Para o bem, e para o mal.

17 de abril de 2008

No post anterior, dei a conhecer a minha descoberta pela poesia de Nuno Júdice, que tanto me tem encantado durante estes tempos.

O que eu não tinha dito, foi que ele também tem um blogue, onde publica a sua poesia. A ver aqui.

15 de abril de 2008

Já sentiram como se alguém estivesse a escrever a vossa vida ? Ou melhor, identificarmos de tal maneira com aquilo que lemos, que mais parece serem os nossos pensamentos, os nossos desejos, as nossas respostas, as nossas dúvidas, que foram transpostos para o papel por outras pessoas ?
Ás vezes não encontramos melhor definição de tudo o que se passa em nosso redor, senão naquela que vemos escritos por outros, parecendo que estamos a ver a nossa vida a ser transcrita através dos seus escritos.

Foi assim que senti quando comecei a ler estes dois autores. Eles vieram até mim, como se fossem alguma atracção cósmica, sem qualquer aviso e quando me encontraram, ou eu os encontrei, ficaram tão entranhados em mim que não os quero largar tão cedo.

O primeiro, foi-me "aconselhado" pelo António Lobo Antunes através duma sua entrevista. O segundo, foi só um reavivar de memória, já tinha lido um livro dele à algum tempo atrás.

O primeiro é poeta, e eu trato ainda a poesia por "você". Trato-a com respeito, com admiração, mas sem confiança, sem me sentir à vontade. Trato a poesia como se quisesse conhecê-la melhor, mas tenho um defeito nessa minha relação com ela, leio demasiado depressa e penso que não saboreio as suas palavras conforme devo saborear. No entanto, com este autor é diferente, a sua poesia diz-me algo logo no imediato, não necessito de reler o poema.

O segundo é contista, mas também não deixa de fazer poesia com as suas prosas. Se um dia enveredasse pelo caminho da escrita, era talvez este género que me sentia mais livre para criar. Tem uma escrita irreverente, simples, directa, com destinatários, sem floreados como muito me agrada.

O primeiro fala da natureza, de filosofia, da poesia, de amor, de viagens. O segundo fala de sentimentos, das relações amorosas, em todas as suas vertentes, da morte, da mulher, de Nova Iorque, enfim, falam os dois da Vida.

Os dois inspiram-me imenso e estão, inconscientemente, a influenciar-me de tal maneira que quero dar um rumo ás frases desconexas que habitam na minha mente. Quero dar-lhes um rumo onde elas possam ter um fim. Bom ou mau, só o tempo dirá. Necessito apenas de tempo, não aquele tempo de minutos disponíveis, mas sim daquele tempo" psicológico", daquela tranquilidade e método para poder criar em paz. E talvez de perceber a influências deles em mim, para não cair no erro da repetição e do plagio, mesmo que inconsciente.

O primeiro escreve coisas como isto, com o titulo de " Tarde de Espera"

" É possível que a tua atitude se resuma a um desejo de alguém que há-de vir;
talvez esperes
que toquem à porta,
ou que os passos no corredor
façam com que te levantes,
e um sorriso se abra
no teu rosto.

O que é possível faz parte da vida,

quando te sentas, sem saber o que fazer,
e só
os pensamentos te ocupam, nesse tempo que perdes
para ganhar todo o tempo do mundo.

Mas
se ninguém chegar, se a casa estiver tão silenciosa
como quando te sentaste, se
a rua estiver tão deserta
que nem vale a pena
ir à janela,
e espreitar a última esquina,
não desesperes.

O que hoje parece soar a vazio,
a solidão que entra pela sala com a luz da tarde,
o brilho estéril dos teus olhos,
tudo se dissipará quando a manhã futura entrar na tua vida,
e as tuas mãos
tocarem o murmúrio transparente da primavera,
jorrando como água
dos lábios que se aproximam dos teus,
e os acordam
para o amor. "

O segundo diz coisas como isto,

" É tão estranha a sensação de não viver. De estar só à espera que aconteça. Olhar para trás e ver que em quase meio ano nada aconteceu. Pelo menos comigo. (...) eu estou em stand by. (...) Como os passageiros à espera de um outro destino naquelas salas de aeroporto que são onde melhor se ouve a solidão de estarmos tão perdidos assim como eu aqui, que por momentos nos transformamos em verdadeiros fantasmas, sem sombra sequer, sem nada. Até acontecer alguma coisa. Vai ter de acontecer alguma coisa. E não acontece."

A minha vida parece que está ali, nas suas respostas, nos seus poemas, nas suas descrições, em tudo, ou melhor, em quase tudo.

O primeiro chama-se Nuno Júdice. O segundo Pedro Paixão.

14 de abril de 2008

Domingo. Fim da tarde.

Aperto o casaco até cima e, de seguida, aperto o cordão dos calções. Sorrio e abano a cabeça como se desse o tiro de partida.

" - Vamos " - digo.

O passo começa a ficar cada vez mais apressado. Deixamos para trás mais um fim de semana, tranquilo, mas vazio. Começo a ficar farto da vacuidade destes Domingos solarengos. Esta vacuidade que parece já ter entranhada em mim. Prometo que algo terá que mudar.

Descemos a rampa.

Começamos juntos a partilhar a nossa vida, os nossos segredos,

( será que temos segredos ? )

os meus anseios, os meus projectos imediatos,

( estou a aprender que a vida tem que ser vivida apenas um dia após o outro. )

as minhas ambições, os meus avanços e recuos. Principalmente, os meus recuos. A minha vida está a tornar-se num quantidade imensa de recuos. Explico os meus recuos, ela compreende-os.

(Sempre os compreendeu. Sempre me compreendeu.)

Confesso que sim, que estou quase a desistir, a virar de rota na bússola que comanda a minha felicidade. Confesso que é o passo mais realista que posso dar.Viver de ilusões, nunca alimentou ninguém.

Homens jogam ás cartas protegidos por muros velhos, sentados em bancos de cozinha. Outros observam o jogo enquanto esperam pela sua vez. O barco está pronto para partir para a outra margem.

As águas do Douro estão tranquilas, como se fossem o reflexo da nosso estado de espírito e, de repente, passa por nós um outro barco, de turistas.

Paro. Ela pára comigo e sorri. Compreende o que quero.

( sempre me compreendeu )


Continuamos a caminhar com passo apressado. Passam por nós turistas, um casal de namorados, amigos a falarem alto a passearem de bicicleta, uma família com crianças a espreitarem com cuidado para baixo, pescadores solitários contemplam a tranquilidade daquelas águas atentos à sua cana de pesca.

Paramos, respiramos fundo, damos a volta, prontos para regressar ao nosso ponto de partida.

Enquanto o silêncio toma conta de nós, observo as vários cores do céu, o castanho no fundo do horizonte a pronunciar que o sol está prestes a rumar para outro lado. As nuvens carregadas a anunciar a escuridão da noite.

Passamos as mesmas pessoas, ouvimos os mesmos sorrisos altos, as conversas apressadas, o barco já partiu e já quase chega à próxima margem, os jogadores de cartas já foram substituídos.

Chegamos a casa. Faço a barba de 3 dias e tomo um banho retemperador. Estes passeios, disfarçados de exercício físico aos fins de tarde de Domingo são como uma viagem espiritual.

Com a melhor companhia de todas, a mãe, são como um luz no meio de nuvens carregadas de melancolia.

11 de abril de 2008

" Laranja. De manhã é ouro, de tarde é prata e de noite mata".

É o que diz a voz do povo, e, como se sabe, a voz do povo é a voz de Deus. Nunca muito liguei a esse provérbio... até hoje.

Acho que o problema nem foi ter comido, ontem à noite, uma laranja e ela não me ter caído lá muito bem. Foi o que comi depois, e antes de me deitar ter tomado um, obrigatório e indispensável, copo de leite .

No trabalho estão a pensar em mudar-me para a casa de banho, já que nem dormir bem consegui, quanto mais trabalhar.

Bem, sempre ouvi dizer que aquilo era dinheiro. Não me posso esquecer que tenho de jogar no Euromilhões, até pode ser um prenúncio de boa sorte.

Doloroso, é verdade. Muito doloroso, mas sempre é um prenúncio.

9 de abril de 2008

Já só faltam menos de 15 dias para dar vivas a Lázaro




e o meu corpo já começa a sentir alguma inquietação.
Afinal os óculos de sol escolhidos foram estes.

De destacar duas coisas, uma delas é que não gostei de me ver com os outros óculos.

A outra, são as alturas em que escolho comprar algumas coisas. Ou seja, ando uma semana aflito pela atrapalhação que me dá o sol a bater nos olhos , depois quando tenho um tempinho disponível vou comprar óculos de sol e eis que... chove. Como sempre, a agir no momento certo.

6 de abril de 2008

O POST DO TRI

Gosto disto. Vibro com isto. Emociono-me com isto. A vida é mesmo isto. É outras coisas mais importantes do que isto, mas...também é isto. Alegria. Por vezes, tristezas e alguma desilusão, mas, felizmente, a maior parte das vezes, alegria. Muita alegria. Para muita gente apenas a única alegria. Lembro-me sempre desses. Como também daqueles que estão longe da vista, mas com o coração perto da festa. Gosto de ver os olhos emocionados daquela gente. Os sorrisos abertos e eufóricos. Os abraços trocados entre gente que não sabem os nomes, mas que partilham uma paixão. As vozes a gritarem até ficarem roucas " campeões, nós somos CAMPEÕES". De ver as bandeiras desfraldadas e os cachecóis esticados. De cantar as mesmas canções de sempre.De atender os telefonemas e receber o carinho e amizade de todos" Parabéns, dragãozinho. Vê se festejas muito e cuidado com as euforias. Vê se te cuidas, dragãozinho. Um abraço, amigo. " Dos brindes.Dos sms enviados. Dos sms recebidos. Das buzinas dos carros a tocarem por toda a cidade. De chegar a casa exausto de tanto saltar, rouco, e dar um grande abraço à minha mãe. De abraçar o meu pai e fazer palhaçadas com o mais pequeno. Enfim...de tudo. Gosto disto, pronto já disse. Gosto de repetir isto sempre, todos os anos.Ainda não me habituei a isto. Continuo a vibrar como se fosse o primeiro. Aliás, parece que prometeram mais uma para este ano, ainda há uma Taça para ganhar. Se não for, paciência, haverá mais festas nas jornadas que faltam. Para o ano há mais. Mas vamos ainda gozar esta festa até isto acabar. Porque os jogadores merecem. Porque lutaram e irão continuar a lutar muito, contra tudo e todos. Porque nós somos apenas e só os melhores. Simplesmente, os melhores.


5 de abril de 2008

É hoje


Já tenho o post do Tri preparado.

4 de abril de 2008

Para além do muro


Olhas para além do muro; e
o que vês? O tempo para além do tempo,
a tarde que não chega, ou a noite que
vai chegar quando menos a esperas,
uma última ave no limite
do céu, pedindo-te que a não sigas.
Mas não cedas ao abraço da árvore,
ao apelo das raízes, à melancolia
de um desejo de horizonte. Encosta-te
a esse muro, sabendo que ele desenha
o espaço que te foi dado, e que as tuas
mãos descobrem no frio da pedra.
Não te resignes ao que existe. A ave
que desapareceu por trás da colina conhece
o caminho que os teus olhos procuram. - ( Nuno Júdice )

3 de abril de 2008

Como se ainda não bastasse ficar ainda mais fã de Bob Dylan e descobrir novos, e excelentes, músicos através da sua banda sonora, com o filme " I'm not there" nasceu uma dúvida que me está a alimentar durante estes dias solarengos: os óculos de sol que é urgente comprar para deixar de piscar o olho a toda a gente, isto é, o sol bate nos olhos e existe aquele reacção natural e tal...


A minha preferência vai, quase toda, para o segundo modelo. Mas o primeiro confesso que até me agradam bastante, apenas desta cor, não me venham com óculos vermelhos como já vi por aí. Nada como experimentar os dois pares e pedir conselhos às mulheres da família que têm sempre uma opinião especializada sobre a minha pessoa. No entanto, aceitam-se sugestões.

2 de abril de 2008


Numa primeira audição mais atenta penso que a banda sonora do filme " I'm Not There ", é um álbum longo, com muitas músicas, e, ainda por cima, poucas delas têm menos de 5 minutos, o que quer dizer, é um álbum para se ir desbravando com calma, sob risco de ficar pelo caminho canções que merecem serem descobertas. Por isso, é bem provável, que ainda fale mais vezes desta banda sonora, chamando a atenção para algumas músicas que ainda não as descobri.

Depois chegamos à conclusão que a banda sonora tem uns enormes Calexico, uma banda da qual tenho um especial apreço ouvir, principalmente em noites de Verão regadas com sangria e com boa companhia, e cuja presença neste álbum se destaca pelas suas versões magnificas.

Existe aquela audição imediata onde procuramos os nomes mais conhecidos, aí começamos por ouvir a bonita balada de Jeff Tweedy ( dos Wilco ) na versão de " Simple Twist of Fake ", um surpreendente, e sempre tão cool, Jack Johnson, um Sufjan Stevens com uma encantadora versão parece retirada de filmes infantis, Eddie Vedder a tentar ser um rockeiro querendo imitar o Bruce Springsteen, mas vindo dele já ouvi muito melhor, embora não a ache assim tão má. Mas destaca-se a versão, totalmente festiva, da música "Stuck Inside of Mobile With the Memphis Blues Again" pela Cat Power, assim como aquela beleza estranha, mas ao mesmo tempo arrepiante, que Antony consegue imprimir à música "Knockin' on Heaven's Door".

Depois temos as músicas que se destacam no filme, a fabulosa versão de " One More Cup of Coffee" de Roger McGuinn (dos Byrds) com os Calexico, e "Going to Acapulco", com mais uma vez os Calexico ( eles estão em grande) mas desta vez acompanhados por Jim James ( dos The Morning Jacket ), para nos recordarmos de um momento de pura magia no filme, ou até nos voltarmos a deslumbrar com o miúdo Marcus Carl Franklin a cantar com a sua voz inocente a música "When the Ship Comes In".

É claro que também existem coisas negativas, é normal num álbum tão grande, sinceramente, não gostei da versão dos Los Lobos, penso que a Charlotte Gainsbourg, apesar de estar bem no filme, conjuntamente com os Calexico, aqui fizeram uma versão um pouco baça de " Just Like a Woman" . Depois existem versões que nada acrescentam, são apenas uma declaração de fã a Dylan, acredito que as melhores versões de músicas são aquelas em que os interpretes reinventam as músicas, mas no conjunto o álbum é muito bom e ainda me falta ouvir em condições tantas músicas .

Por fim, temos aquelas músicas que se vão destacando, que nos vem até nós devagarinho, e quando começamos a ouvir os primeiros acordes viramos toda a atenção para elas. Aí destaco uma que está em permanente repeat no meu mp3, a versão dos Calexico ( quem mais poderia ser ? ) com um artista que se chama Sam Beam. Se esse nome não vos diz muito, então dizer que esse senhor é também conhecido pelo pseudónimo de Iron & Wine, acho que já vos diz mais alguma coisa. Se mesmo assim não conhecem, então andam desatentos e é favor de reparar essa coisa grave. A música chama-se "Dark Eyes " e é simplesmente MARAVILHOSA, muito refrescante, dá um toque de exotismo ao álbum, estou completamente viciado nesta música. Foi pena, mas apenas consegui arranjar 30 segundinhos para vocês se encantarem.



My space do álbum aqui