27 de novembro de 2011

Do Fado como património Mundial (uma recordação de um post)


A(s) Mulher(es) do Fado





A mulher do fado já usou xaile. Já cantou com as mãos nas ancas. Emborcou álcool em copos sem fundo para afogar mágoas passadas. Gritou poemas populares de poetas antigos. Fez sonhar homens ébrios que falavam alto e batiam na mesa. Cantava em caves escuras em cima de palcos podres. Tinha peitos enormes que quase saltavam para fora. Pele enrugada testemunha da dificuldade de viver. Já usou um buço requintado. Teve barbela, mãos grossas e a sua voz rouca cantava a vida.



Hoje, a mulher do fado é bela, e faz por ser bela. Orgulha-se da sua beleza e procura mostrá-la ao mundo sem complexos. Usa vestidos da moda. Cuida da linha e só bebe água com sabores. Tem um corpo cuidado e classe no seu olhar.Tem uma voz límpida e uma alma pura. Canta em sítios confortáveis. Canta poetas do seu tempo. Deixou de ter buço.Tem pescoços finos e mãos delicadas. Estão mais belas, e dá mais vontade de ouvir fado.

Há tradições que se perdem com as mudanças do tempo. A(s) mulher(es) do Fado já não são o que era(m).


Felizmente, acrescento eu.




PS.1ª imagem- Quadro de José Malhoa. 2ª imagem - Fotografia de Joana Amendoeira, Raquel Tavares e Ana Moura.



(post publicado no dia 7 de Maio de 2008)

25 de novembro de 2011

The Book of Right-On

Nos próximos dias vão ouvir falar do título desta canção maravilhosa da, não menos, maravilhosa Joanna Newson que este ano me deu a assistir um, para continuar no mesmo, maravilhoso concerto. E dará o nome a uma coisa que embora não seja uma coisa maravilhosa será, espero eu, do agrado de quem o ver. E ver é mesmo a palavra-chave da novidade. Brevemente darei noticias. Até lá, bom fim de semana para todos.

24 de novembro de 2011

Do dia de hoje




Pois é, o grande capital
É o tal do gostinho especial
Gosto a limão
Gosto a cereja
Gosto a opressão
Numa bandeja.
Gosto a opressão
Numa bendeja.
O grande capital
Está vivo em Portugal
E quem não o combate
É que dele faz parte
O grande capital é fino
Ou pisa a terra ou faz o pino
Ou mostra o dente
Ou é discreto
Uma pla frente
Outra plo recto
Uma pla frente
Outra plo recto.
O grande capital
Está vivo em Portugal
E quem não o combate
É que dele faz parte.
Dizem que o ódio é baboseira
E que a raiva é má conselheira
Mas nós com o grande capital
Damo-nos mesmo muito mal
Damo-nos mesmo muito mal.
O grande capital
Está vivo em Portugal
E quem não o combate
É que dele faz parte ( Sérgio Godinho )

21 de novembro de 2011

The Muppets




Eu QUERO ver isto, o mais rápido possível . E não me parece que seja nos cinemas, já que apenas vem para Portugal em Fevereiro. Ou melhor, até pode ser nessa altura, mas não aguentarei tanto. Tenho de ver isto o mais breve possível.Estreia no dia 22 nos EUA.

20 de novembro de 2011

18 de novembro de 2011

"Claraboia" - José Saramago

"Claraboia" era um romance rejeitado em vida por José Saramago, segundo ele era um livro um pouco ingênuo embora tivesse alguma coisa a haver com o seu modo de ser. Terminado em 1953, foi o seu primeiro romance a ser terminado, permanecendo sempre inédito até ao fim da vida do escritor português. 

O romance é um conjunto de histórias de famílias que vivem num prédio lisboeta, em meados do século XX. Ali existe, e fala-se, de tudo, reconhecendo nas suas páginas uma certa "portugalidade" que ainda não se perdeu. Desde problemas familiares entre casais e relacionamentos entre pais e filhos, queixumes econômicos e sociais, existe também o nascimento de uma certa "marca" na escrita de Saramago que, mais tarde, o iria tornar num dos grandes escritores portugueses e mundiais.

Apesar de não ser um romance à altura do Nobel, colocando-o no contexto da época em que estava inserido, não deixa de ser um livro bem escrito e interessante. 


17 de novembro de 2011

Happy Birthday, Jeff



Because there are people who never die.


 09 Eternal Life by rubensuelo 



14 de novembro de 2011

10 de novembro de 2011

João Silva terminou a Maratona de Nova Iorque com o tempo de 2:38:14, precisamente o mesmo tempo da vencedora do escalão sénior feminina da Maratona.
João Silva é um dos foto-jornalistas fundadores do "Bang Bang Club", um quarteto de foto-jornalistas dos quais falo aqui, e após um ano de ter pisado uma mina no Afeganistão e de ter perdido as duas pernas, a sua força, coragem e perseverança foram premiadas através do seu esforço para concluir esta prova com um excelente tempo. 
Apesar disso, nenhuma televisão, pelo menos que eu notasse, deu o devido destaque a este feito que deveria orgulhar todos os portugueses. E andámos entretidos e embevecidos com a segunda bota de ouro do CR7... Porque é destes exemplos de valentia que necessitamos e dos quais nos podemos orgulhar sem qualquer tipo de nacionalismo bacoco. 

Para conhecer mais a sua história ver neste blog  onde se pode apreciar algumas das suas fotos e um vídeo da corrida.

"Os Três Mosqueteiros"

Este blog até consegue ser um blog positivo. Falo mais das coisas que aprecio do que as coisas que odeio. Acho que é uma perda de tempo falar de coisas que não gostamos. Mas, e como estamos num tempo de poupança, e como gosto de ajudar os meus amigos a economizar o seu dinheiro, dou-vos um conselho de amigo. Sabem este filme que está nos cinemas :

NÃO VÃO VER...é mau demais para gastar quase 7 € ( porque ainda por cima tive o azar de ver em 3D, que ainda piora a coisa) num filme sem pés nem cabeça. Uma versão dos "Os Três Mosqueteiros" em estilo Matrix, que envergonharia o seu criador. Muito mau.

7 de novembro de 2011

Márcia - "A pele que há em mim"

Quando uma canção bela



se torna numa obra-prima ( aqui acompanhada pelo grande JP Simões )


"Marina" de Carlos Ruíz Zafón


Depois de ter lido " A Sombra do Vento", "Marina" foi a minha segunda incursão na obra do catalão Carlos Ruiz Zafón, um dos romancistas mais na moda, mas cujo sucesso é justificado e bem merecido.

Tal como na "A Sombra do Vento", este "Marina", que foi dos primeiros livros que Zafón escreveu e publicou, usa de todos os "truques" que mais tarde o iria catapultar para a fama, uma história envolvente, misteriosa, com alguns toques de gótico e de fantástico, uma história de amor, cujo final nos deixa surpreendido e, neste caso em especial, com um verdadeiro nó na garganta.  


"Marina" foi um dos primeiros livros que Zafon publicou, por isso é dos melhores pontos de partida para quem quer desbravar a sua obra, até para que não se perca em comparação com os outros dois já publicados. Por mim, não tardarei a ler os que me faltam.

5 de novembro de 2011

O Meu Amor existe




"O meu amor tem lábios de silêncio
 E mãos de bailarina
E voa como o vento
E abraça-me onde a solidão termina

O meu amor tem trinta mil cavalos
A galopar no peito
E um sorriso só dela
Que nasce quando a seu lado eu me deito

O meu amor ensinou-me a chegar
Sedento de ternura
Sarou as minhas feridas
E pôs-me a salvo para além da loucura

O meu amor ensinou-me a partir
Nalguma noite triste
Mas antes, ensinou-me
A não esquecer que o meu amor existe"
Para quê procurar inventar palavras se o Jorge Palma diz, como sempre, tudo o que quero dizer.  Feliz Aniversário, Meu Amor.

2 de novembro de 2011

The Bang Bang Club


Por alturas do Apartheid, quatro foto-jornalistas (Kevin CarterGreg MarinovichKen Oosterbroek e o português João Silva) foram, através das suas máquinas fotográficas, os olhos do Mundo mostrando o que se estava a passar numa África de Sul envolvida numa guerra civil entre etnias, onde a violência indiscriminada nas ruas estava fora de controlo e a tomar proporções preocupantes. É sobre este período sangrento que este filme trata, baseado no livro original escrito por João Silva ( o português que ainda à pouco tempo perdeu as duas pernas em Afeganistão ) e Greg Marinovich, únicos foto-jornalistas sobreviventes.

Impedidos pelo jornal onde trabalhavam de divulgar fotos violentas, os quatro foto-jornalistas tornaram-se free-lancers e criaram uma espécie de clube, que baptizaram de"The Bang Bang Club", onde tinham por objectivo mostrar tudo aquilo que se passava com a brutalidade e a dureza necessária que só a realidade transmite, sem qualquer censura, para que o Mundo acordasse para o que se estava a passar.  

Apesar de ser muito suspeito, afinal foto-jornalista é das profissões que mais tenho em apreço, por isso pelo tema em si já estava conquistado à partida, gostei bastante do filme, com boas interpretações, sendo ao mesmo tempo uma pequena, singela e justa homenagem a todos os corajosos foto-jornalistas, mas principalmente aos quatro elementos deste clube. 


Como acaba por ser normal, a vida de Kevin Carter é aquela que mais se destaca e a qual o realizador dá mais ênfase obrigando o espectador  a  questionar sobre a realidade e os limites da Arte. Depois de ter tirado esta fotografia, e de ter vencido o Pulitzer, todo o Mundo questionava-o se ele teria feito alguma coisa pela criança ( que mais tarde viria-se a saber que não estava morta no momento, mas sim a descansar, e que apenas faleceu alguns anos depois). Carter não aguentou essa pressão e após o falecimento, apanhado num meio de um tiroteio, do seu companheiro Ken Oosterbroek, decidiu pôr termo à sua vida. O valor deste filme é que o realizador preocupa-se em apenas mostrar a história, sem condenar ou aligeirar a imagem de Carter. O realizador não julga, nem questiona, apenas mostra a realidade. Uma realidade bem dura e dramática e uma história de vida impressionante.

Por fim, nem o filme parece que vai estrear em Portugal, nem sequer o livro tem uma edição portuguesa ( apenas existe uma edição brasileira ), apesar de termos João Silva um fotógrafo nascido em Portugal. Estranheza para um país que tanto gosta de julgar os outros quando não se apoia qualquer produto/marca/pessoa/etc onde o nome de Portugal esteja envolvido.