18 de janeiro de 2008

" De la musique avant toute chouse ( II) "

" Vivo de mais. Durmo de menos. Acordo para acordar os outros. É como se a luz me acompanhasse. É como se o sol, quando nascesse, viesse propositadamente acordar-me.

Estou sozinho de mais. Nas minhas estrelas não há noite nem amor. Tenho as mãos vazias, viradas para o céu, como se tivessem ficado encharcadas da tinta da escuridão.

Esta música afastou-me da tua respiração. O teu cabelo levanta e sossega, sossega e levanta, espalhado pelo lenço, como se fosse distribuído pelos meus dedos, que sobem por debaixo dos cobertores, para te conhecer e tocar ."

Texto retirado do livro " O amor é fodido" de Miguel Esteves Cardoso
Música " So Real" retirada do album " Grace " de Jeff Buckley

7 comentários:

Maria del Sol disse...

Que bela combinação. Por acaso tenho em mãos uma compilação de artigos do Miguel Esteves Cardoso, "Explicações de Português", e estou a gostar bastante. Sobre o Jeff... não é preciso dizer nada, pois não?

Beijinhos e bom fim-de-semana.

Maria del Sol disse...

Sim, não é preciso dizer nada sobre o Jeff, porque uma única palavra é suficiente para ele: sublime. :)

Ema disse...

o meu sublime ficou-vos, hein?

ainda não li "o amor é fodido", mas há que tempos que tenho imensa curiosidade.

Menphis disse...

Curiosamente, ainda não li o " Explicações de Português " e até o " Escritica Pop" que é uma vergonha eu ainda não o ter lido, como admirador de música e de crónicas de música. Mas já li muita coisa dele, além deste, do "Cemitério de raparigas" e o que mais gostei foi " A vida inteira".


e sim, Dona...o te sublime ficou-me na memória. Aquela imagem estava belíssima e depois o teu post ;)

Ema disse...

"tinta da escuridão" é lindo

Célia disse...

Adoro o Jeff Buckley :)
O livro não conheço, mas gostei das palavras.

PS: Aproveitei o link que deixaste lá na Estante de Livros para fazer um post... com a devida vénia, claro ;)

Anónimo disse...

Podia dizer-se muita coisa sobre esta música, mas o nome do autor é a melhor forma de a definir. Já o MEC, aprecio as crónicas, o sentido de humor, mas nunca lhe li nada de valor maior. Que não digo que não tenha, mas há tanta coisa para ler que alguns acabarão por escapar, evidentemente.

Saudaçóes