16 de setembro de 2009

Os aviões

Lembro-me: não gostava de aviões.
Companheiros de jogo levantavam dedo e cabeça
Em direcção às bem organizadas nuvens de passageiros
E eu permanecia de rosto baixo como excluído
De uma brincadeira de que desconhecia o alfabeto.
Nunca me diverti com o excesso, ainda hoje
Tenho vergonha de certos ruídos,
Dizem-me que baixo muito a cabeça;
Como uma vaca que olha para a erva. E é verdade.
Por vezes tenho vergonha de ver, muitas vezes vergonha
De ser visto. ( Gonçalo M. Tavares)

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