4 de julho de 2010

a angústia do banco de jardim


" Um dos problemas actuais das cidades é que elas já não servem para parar. Quando eu era criança as pessoas paravam nas cidades, fosse num café, num banco de jardim, no muro duma casa ou até numa paragem de autocarro. Agora não. Os bancos de jardim estão vazios, as pessoas tomam o café em pé enquanto olham para o relógio e até pelo autocarro esperam em pé, sempre a olhar para um lado e para o outro como se estivessem atrasadas.


Há bocado passei por um banco de jardim e pareceu-me que ele estava angustiado, não só por se sentir inútil mas principalmente por ter saudades das conversas de amor que já não ouve. É que o problema também é esse: as cidades onde as pessoas param são cidades onde as pessoas aprendem a amar, as cidades onde as pessoas não param são cidades de gente só. E o problema da gente só é que esta acaba por estar só mesmo quando não está.

O amor já não nasce numa conversa de banco de jardim. Agora manda-se dois nomes para um número de valor acrescentado e fica-se a saber se as pessoas são compatíveis ou não. Joana e Mário dá setenta por cento e toma-se isso como definitivo. Surpresa. Não é definitivo."

visto aqui

1 comentário:

Anónimo disse...

o blogue onde foste buscar este texto, é uma das minhas leituras diárias. Acho os diálogos homem/mulher muito engraçados. Mas estes textos fora dessa "linha", como este que aqui citaste tb são mt bons.
Vera