26 de fevereiro de 2013

" O Seminarista" - Rubem Fonseca

Rubem Fonseca é dos escritores brasileiros mais conceituados do momento. Premiado com o Prémio Camões, em 2003, o prémio mais importante da língua portuguesa, e dono de uma fama de eremita que só vive da e para a escrita, o contista brasileiro consegue divertir o leitor, em virtude da sua escrita clara e objectiva sem subterfúgios, ao mesmo tempo consegue criar personagens cultas, sem estas serem elitistas.

" O Seminarista" é dos livros, dentro do género policial, mais divertido e mais viciantes que já li, com uma escrita cinematográfica convida o leitor ler de forma rápida tal é a ânsia e o prazer que ele retira da sua leitura.

 Um assassino profissional, que primeiro conhecemos como Especialista, e depois que decide se chamar José, está um pouco farto da vida que tem, e por isso decide-se reformar para se dedicar à sua imensa paixão pelos livros, música, bom vinho e gozar tudo daquilo que a vida tem de bom.

Só que é atirado, sem nada fazer para isso, para o o meio de uma trama um pouco non sense, o que lhe dá para, na parte final, repensar a sua vida.

Depois de ter lido, e ter apreciado, alguns contos, com este livro, Rubem Fonseca conquistou-me, agora resta-me continuar a ler a sua imensa obra.

25 de fevereiro de 2013

Dos Óscars

Que eu me lembre, esta edição dos Óscars foi daquelas em que vi mais nomeados para melhor filme. À excepção de " Amor" e de ainda não ter terminado " As Bestas do Sul Selvagem" vi todos os outros filmes candidatos à estatueta mais desejada.

Fazendo um balanço daquilo que vi e o que foi premiado, diria que " Argo" é, de facto, o melhor filme de todos, as interpretações, a maneira como é contada a história, o argumento, apesar de estar um pouco fartinho de filmes da CIA o filme de Ben Affleck foi mesmo aquele que mais me agradou. Aliás, acho que Ben Affleck pode ser um caso sério na realização, já que também gostei bastante do seu primeiro filme " A Cidade".

Quanto ao melhor realizador, estava a torcer pelo Tarantino ou pelo Spielberg, mas ganhou Ang Lee. " A vida de Pi" é  de uma enorme contradição, um filme onde tem tanta água e é uma grande seca...

Na categoria dos actores, Daniel Day-Lewis confirma-se que é um dos melhores actores de sempre, apesar de "Lincoln" me ter desiludido um bocadinho, a sua interpretação é enorme, como sempre. Na categoria de melhor actor secundário, ainda pensei que a Academia premiasse a grande interpretação de Tommy Lee Jones, em " Lincoln", mas ganhou Waltz e eu gostei na mesma. Dois filmes de Tarantino em que Waltz entra, dois Óscars. Dupla de classe, tipo Lucho Gonzalez-João Moutinho no meio campo do FCP.

Na categoria das actrizes, não gostei lá muito do filme " Uma guia para um final feliz", estava a torcer pela actriz do " 00:30 A hora negra" ( também um grande filme/documentário), mas até aceito a vitória. Na categoria secundária, de facto, a Hathaway esteve brilhante nos " Os Miseráveis". 

Quanto ao resto, relativamente aos melhores argumentos fiquei feliz pela vitória do Tarantino ( melhor argumento original) e do Affleck ( melhor argumento adaptado), e de facto, a insuportável, Adele conseguiu cantar a melhor canção original de todas as nomeadas.

Agora, é tempo de ver resumos da cerimonia, ver os discursos, a abertura, e os vestidos das senhoras. Quanto a isso, eu não vi mas quase que aposto que a Scarlett Johansson estava espectacular. E a actriz do " 00:30 A hora negra" também deveria estar, vá. 

ps: AH..Esqueci-me da categoria do melhor filme de animação. Até estava planeado eu ter visto todos os filmes antes da cerimonia, mas não deu. Ganhou o " Brave".Se bem que existia também o " Frankewinnie" do Tim Burton. Eu já gostava de ter o ido ver ao cinema, mas não consegui. Agora, é que não falha.

24 de fevereiro de 2013



Tenho-me como um distraído mas com memória fina e atenta. Quando me lembro de coisas que me marcaram, sejam elas positivas sejam negativas, lembro-me até de pormenores ínfimos que podem surpreender as pessoas. Lembro-me das roupas, dos locais, do tempo, do dia da semana, das horas e só não me lembro da cotação do euro face ao dólar porque não é uma coisa que me preocupe.

Por isso, lembro-me de tudo, de como comecei a ser mais feliz, a sentir-me completo, de  sorrir mais abertamente, naquele inicio de tarde de Verão, quarta-feira, precisamente às 12 horas e 37 minutos, de como estava calor, da manhã ansiosa, dos passos inquietos em direcção ao local combinado, de como imaginei aquele momento de todas as maneiras e feitos e de como ele aconteceu sem que o tivesse imagino como tal, da roupa dela, da minha roupa, dos passos dela, de como a esperava parado naquele sitio que sempre a espero todos os dias, do meu nervoso miudinho de criança que esperava pelo seu primeiro beijo, do que comemos depois, dos lugares onde imaginamos pela primeira vez o nosso futuro, do banco em que víamos o Douro sempre lindo e os animais a passearem entre os nossos pés, de como cheguei atrasado ao emprego e de como não queria ir trabalhar só para estarmos juntos, daquele fim de tarde juntinhos, do filme em que vimos pela primeira vez de mãos dadas e de como custou-nos, mais do que nunca, a despedida.

Hoje passam 18 meses desse momento, do inicio dessa propriedade magnética entre duas pessoas a que chamamos de amor, a memória do que se passou ainda está fresca, a chama do amor e da paixão ainda se mantêm quente. Brindemos então. Venham não mais 18 meses, nem 18 anos desse amor. Venham apenas mais 6 vidas. Já ficaria feliz pela eternidade fora.


*- fotografia Instagram  do livro de Casimiro de Brito de nome " Imitação do Prazer "


19 de fevereiro de 2013

17 de fevereiro de 2013

Michael Jordan, o 23 que faz 50

Num tempo conturbado para o desporto, devido aos sucessivos escândalos de heróis que mostram ter pés de barro, nunca é demais recordar aquele que foi para mim o melhor, e mais completo, desportista de todos os tempos: Michael Jordan.

É com saudades que recordo aquelas tardes de sábado, em plenos anos 90, em que parávamos em frente à TV para vibrar com aquela equipa maravilhosa dos Chicago Bulls, liderados pela imensa classe de Jordan, coadjuvado por grandes basquetebolistas. E que  tardes mágicas de basquetebol, com comentários fantásticos do Carlos Barroca, que assistimos.

Guardo no cantinho como um dos meus grandes heróis desportistas, e hoje, o dia em que Jordan completa 50 anos nunca é demais evocar as saudades de uns tempos que já não voltam. 

14 de fevereiro de 2013

Do dia de hoje

Que este dia continue a ser, para nós, todos os dias. Mas que um dia eu possa saber transmitir por palavras aquilo que sinto por ti. Até lá, vou roubando as palavras dos outros. 


Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza

De dádivas encheram o outono. ( Pablo Neruda )

13 de fevereiro de 2013

Do Dia Mundial da Rádio


Quem me conhece sabe que a minha profissão de sonho era  ser locutor de rádio, quero dizer ainda é porque acho que os sonhos não se devem abandonar assim de repente, quem sabe um dia... Já lá vai o tempo em que gravava os relatos do FCP para estar toda a semana a relatar, ou que ficava até altas horas da noite a descobrir novas bandas nos programas da noite.Agora, no tempo dos podcasts e na falta de tempo para parar um bocadinho para ouvir os programas favoritos, a rádio funciona mais como companhia no trabalho de dia ( apesar da estação não ser, de longe, a minha favorita) quando vou de carro, e para ouvir o relato do jogo mesmo que o esteja a ver ao vivo. E os podcasts ajudam um bocadinho a passar o tempo enquanto vou pela rua. Além do mais, o "objecto" rádio é das coisas mais fascinantes, e alguns deles maravilhosamente bonitos, que existe. Por isso, hoje, estamos em festa por ser o Dia Mundial da Rádio. Viva a rádio.

12 de fevereiro de 2013

"Retrograde" - James Blake




Há aqui uma "evolução na continuidade" depois do sua brilhante primeira obra. Há a beleza e aquela sensação de suspense sempre prontos a sermos surpreendidos. James Blake vai lançar um novo álbum brevemente e em Maio iremos vê-lo no Primavera Sound Festival. "Retrogade" é o seu primeiro avanço. E começa maravilhosamente bem.

4 de fevereiro de 2013

"Don´t be a stranger" Mark Eitzel

Há neste novo registo musical de Mark Eitzel uma enorme contenção em todos os elementos que o compõem: desde uma, e porque não assumir, fragilidade na voz, às cordas delicadas e à bateria sincopada, até no ritmo melancólico e certeiro que o piano transmite.

Depois de problemas de saúde o antigo trovador indie-folk torna-se num crooner folk, por vezes até fazendo lembrar Perry Blake,  editando um álbum  em que as melodias tristes e melancólicas imperam, transmitindo uma enorme beleza nas suas composições..

Costumo dizer que existem álbuns perfeitos para andarmos de carro à noite sozinho para que tomemos a devida atenção ao seu valor. Este é um deles.