" Nunca vou ao fim das coisas. Tudo começa. Nada acaba. Eu não deixo. No meu sonho, tudo continua, tudo se repete, mesmo que seja preciso interrompê-las de vez em quando. Tenho medo que acabem. Porque é que se hão-de levar as coisas até ao fim ?
Amo o incompleto, o suspenso, o atravessado, o interrompido. Os fins entristecem-me. Viver as coisas até ao fim é matá-las.
E trocá-las por outras novas é traí-las. Melhor trazê-las sempre, duvidosas e imprevisíveis mas ainda gotadas e presentes. " ( Miguel Esteves Cardoso in " Explicações de Português" )
Amo o incompleto, o suspenso, o atravessado, o interrompido. Os fins entristecem-me. Viver as coisas até ao fim é matá-las.
E trocá-las por outras novas é traí-las. Melhor trazê-las sempre, duvidosas e imprevisíveis mas ainda gotadas e presentes. " ( Miguel Esteves Cardoso in " Explicações de Português" )
6 comentários:
Por vezes gosto das palavras de Miguel Esteves Cardoso... Nem sempre este autor me seduz, mas por vezes as suas palavras tocam-me. Estas aqui transcritas fazem parte daquelas que realmente me fazem sentido. :)
Mas há coisas que o melhor mesmo é terminá-las, fechar um ciclo para iniciar um outro.
verdade, verdadinha... acho que te vou roubar o post. ;) Beijinhos
Hoje voltei a Fernando Pessoa, não consigo ficar muito longe deste autor durante muito tempo. E li algo que me fez lembrar estas palavras de Miguel Esteves Cardoso, por isso não resisto em partilhar as de Fernando Pessoa:
«Nenhum dos meus escritos foi concluído; sempre se interpuseram novos pensamentos, associações de ideias extraordinárias impossíveis de excluir, com o infinito como limite. Não consigo evitar a aversão que tem o meu pensamento pelo acto de acabar seja o que for. Uma única coisa suscita dez mil pensamentos, e desses dez mil pensamentos surgem dez mil inter-associações, e não tenho força de vontade para os eliminar ou deter, nem para os reunir num só pensamento central, onde os seus detalhes sem importância mas a eles associados, possam perder-se.»
desnorteada- estás à vontade ;P
tons a de zul- fantástico. onde leste isso ?
É não é? ;)
Encontra-se no livro «Quando fui outro», da editora Alfaguara. Luiz Ruffato reuniu neste livro poemas, fragmentos do "Livro do Desassossego", ensaios e cartas de Fernando Pessoa e os seus heterónimos. Estou a gostar desta composição do romancista brasileiro, pois mostra maravilhosamente bem o quanto a obra de Fernando Pessoa é brilhante.
o "Livro do Desassossego" é aquele livro que é quase como um guia para a mnha vida. É aquele livro que estou a sempre a ler e reler.
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