Sob o signo do lema “ o Porto já merece ter um Festival assim”, o Festival Pop Deluxe, acaba por ter um relativo êxito, mais pela actuação do cabeça de cartaz (penso que TODOS que lá estiveram foram pela actuação do canadiano) do que pelos outros nomes do Festival.
Foi como se fosse uma actuação de Patrick Watson, com duas bandas de primeira parte para aquecer os espíritos dos presentes que, surpreendentemente, não encheram o Sá da Bandeira. Também a publicidade ao mesmo não foi a melhor, valendo até um desprezo ao mesmo pelos órgãos de comunicação social, como por exemplo, o “Blitz” que agora desde que passou a “Blitz” quando os concertos se realizam acima do Tejo, geralmente, esquecem-se de fazer reportagem. Como diria o outro, o Porto fica lá longe. Não faz mal, para o ano até vão ter o Red Bull Air Race e tudo.
A sala ainda estava vazia quando os The Invisible entraram, uma bateria, uma guitarra e um baixo, com um som a dever tanto aos Joy Division como aos TV on the Radio, mesclando um rock psicadélico instrumental com um ritmo dançante (se não estivéssemos sentados, poderíamos estar a dançar), num estilo que deixou a sensação que estariam um pouco deslocados deste Festival.
Depois vieram os Piano Magic, no seu rock à lá Mercury Rev , mas sem o tom épico que confere a grandiosidade a estes, originando um concerto muito morno, por vezes a roçar o entediante. Ficou a sensação que estavam lá eles, como poderiam estarem outros, que o público reagiria da mesma maneira. Não quero dizer que a sua música não tenha qualidade, apenas a ansiedade para ver Patrick Watson e seus compinchas era imensa, e eels não nos fizeram esquecer isso.
Mal terminam os Piano Magic, eis que vem Patrick Watson que, conjuntamente com a sua banda, montou o cenário qual roadie, muito bem-disposto, sempre divertido, dando enormes gargalhadas aos gritos vindo do fundo da sala que chamavam pelo seu nome.
Apagaram-se as luzes, e fez-se magia: com um começo calmo, arrancando com o instrumental “Fireweed” passando logo para “ Tracy´s Waters, de seguida, veio a belíssima homenagem à cidade de “ Beijing” e “ Wooden Arms”(*), sendo que ,a partir daí, o canadiano começou a revisitar o álbum anterior, “Close to Paradise”, que lhe deu a tão merecida fama, dando mostras da sua genialidade.
É difícil distinguir momentos altos, desde “ The Storm”, agora numa versão muito country, passando por “ Big Bird in a small cage” , ou a maravilhosa “ Man like you”, ou “ Luscious Life”(*) acabando a primeira parte com uma das mais belas canções que eles criaram “ Where the wild things are”, não esquecendo “ The Great Escape”, cantada completamente às escuras, com um momento deveras curioso, no meio da canção ouve-se um telefone a tocar, ele grita "Telephoooone" , volta à canção, acrescentando ainda um comentário jocoso pelo meio dos versos cantados, sempre sem perder a melodia e o ritmo, dando provas da sua versatilidade.
Patrick Watson agiu sempre como um miúdo irrequieto, que tanto cortava a fita-cola com os dentes para colar as teclas do piano, como puxava as calças para cima ou tirava a boina antes de cada canção, sempre saltitando de um lado para o outro, mas que quando a música começava, ele parecia ganhar outra dimensão, uma aura enorme de genialidade .
Depois de recolhidos, pela primeira vez, aos camarins eis que veio Patrick Watson com uma “mochila” transportando 4 megafones luminosos, saltando para o meio da sala, juntamente com a sua banda, interpretando “ Hearts in the Park”(*), e depois, sem microfone e em cima das cadeiras, “Man under the sea” que, posteriormente, viria a terminar já no palco.
Mas o público queria mais, os artistas não se fizeram rogados, terminando a noite mágica com uma música nova, acabando o espectáculo com o público de pé aclamando-os , agradecendo um concerto inesquecível que nos ofereceram.
(*) - há video, depois publico.
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