30 de julho de 2020

Como fazer as despedidas em tempos de Covid ?

Hoje faleceu um grande amigo na família. 
Como se despede de um amigo em tempos de Covid ? 
Como se diz adeus a um corpo do qual os abraços faziam parte ?
Muito triste isto.

24 de julho de 2020

#albumdaminhasemana

Um dos hábitos que aprendi durante a quarentena foi quase como um regresso ao passado. Foi regressar aos tempos em que nós, amantes de música, nos dedicávamos a um álbum especificamente e não a um conjunto de canções soltas. Dedicar tempo a algo é percebê-lo melhor, se dedicamos tempo a livros, não lemos trechos mas sim capítulos inteiros, porque não dedicarmos um tempo a um disco completo e não apenas a canções, ou aos chamados singles.
E aí tive uma decisão, não definitiva como todas as decisões, de dedicar uma semana a um só álbum. A outra, em consequência, foi começar a ouvir coisas novas, estilos diferentes, do que ouvia. O jazz ganhou bastante alento nas minhas audições mas não só. Por fim, recomeçar a comprar cd´s refazendo a minha colecção foi a última decisão... No entanto, o meu álbum desta semana foi 

Untitled ( Black is ) - Sault



Não conhecia esta banda, e posso dizer que é um álbum urgente, quer politicamente, quer musicalmente. Em tempos onde o racismo e todas as suas implicações na sociedade são assuntos que estão na ordem do dia, este novo trabalho dos Sault ( disponível gratuitamente na conta Bandcamp da banda) é essencial para a compreensão de um tempo que vai ficar na História.

Ali encontra-se uma mescla de sons com géneros variados, desde o hip-hop, que é a base de todo o seu trabalho, até o trip-hop, rock, pop, jazz e música electrónica. Um álbum perfeito para dias revolucionários. A ouvir. Urgentemente 

22 de julho de 2020

Caderno do Vazio ( epílogo )

Desconfinemos as ideias. Desconfinemos os sorrisos. Coloquemos máscaras no Medo e na Angústia. 
O Caderno do Vazio surgiu pela necessidade de colocar para fora ideias, assuntos,sugestões, numa altura em que nos pediam para ficarmos confinados em casa. Foram 3 entradas porque as ideias entretanto perderam-se, ficaram lá atrás. Na altura da quarentena, atravessei várias fases, da imensa informação ao vazio de não querer escrever,ler. Poderia ter escrito um "diário da peste" tal como muita gente o fez, mas revia-me também nas palavras de Gonçalo M.Tavares, aquilo confortava-me. 
Aos poucos desconfinei as leituras, muito baseado na leitura de obras teatrais e de poesia, depois acomodei-me com as ideias e fiquei sem vontade de escrever.
Agora essa vontade renasceu. E as ideias ressurgiram. Aos poucos vou aparecendo por aqui. Sem pressões. Até breve !

24 de abril de 2020

Caderno do Vazio ( III )

Ler em tempos de pandemia


Ler preenche a nossa vida. Ler, em tempos de pandemia, não me tem preenchido.
No meio deste turbilhão tem ganho as notícias, as reportagens, os ensaios filosóficos e sociológicos. Muita coisa à volta da pandemia e dos seus efeitos políticos.
A realidade que vivemos sobrepõe-se à ficção. Suga-nos o foco. Cria desassossego. Inquieta-nos o espírito.
Pelo meio disto tudo, a poesia serena-me. E nasceu uma enorme vontade de ler teatro.

17 de abril de 2020

Caderno do Vazio ( III )

Sepúlveda

E eu a falar do Vazio desta quarentena e a desaparecerem quem mais me preenchia a Alma com a sua escrita poética e encantadora. Nestes tempos em que estamos a aprender, de forma triste e cruel, a normalizar a Morte, não podemos esquecer quando os Grandes desaparecem.

Os livros de Sepúlveda sempre foram, para mim, um balsamo à realidade, transmitiram-me caminhos desconhecidos e ofereceram-me motivos para sorrir.
Ontem falava do quanto a Arte nos salva da realidade, recorria sempre a Sepúlveda para me salvar e para compreender a realidade da vida.
Aliás, a um escritor que deixa uma obra vasta não podemos falar no passado, a sua obra fica e recorrei sempre a ela.
Adeus, camarada.
E muito obrigado pela sua obra.


16 de abril de 2020

Caderno do Vazio ( II )

Brasil

Como quase todos os portugueses já amei e sonhei muito com o Brasil. Encantado com aquele linguarejar musical, com o rebolado poético da sua poesia e com o encanto natural das suas terras, foi um dos países dos meus sonhos. A minha paixão por esse país nasce com Jorge Amado e os seus "Capitães de Areia", prolongou-se vida fora com os golos de Romário e Ronaldo, com as fintas de Ronaldinho, terminando nas canções de Caetano. Isto não esquecendo do primeiro contacto com aquele país através das suas novelas.
 A paixão tem sido uma chama que se tem extinguindo por causa do seu idiota e criminoso Presidente e por tudo aquilo que ele representa.
Ontem soube se que o Brasil perdeu um dos seus grandes. Diverti-me imenso com os livros de Rubem Fonseca.E lembrei-me que continua a ser um maravilhoso país. O país de Marcelo Camelo, do Chico Buarque, de Machado de Assis e de Gregorio Duduvier, de Sebastião Salgado e de Carlos Drummond de Andrade. 
E concluí que, como sempre, a Arte salva-nos do Mundo.

15 de abril de 2020

Caderno do Vazio ( I )

Regressar

...ainda é cedo para regressar aos abraços. E aos beijos. E a todos os afectos que nos trouxeram até aqui. Até lá, somos inimigos dos corpos de quem amamos.
Regressamos sempre ao vazio do dia-a-dia e à necessidade de o preencher. Parecemos D. Quixote a lutar contra os moinhos de vento. Queremos viver em Liberdade, mas podem-nos retirar a vida se o fizermos descontroladamente .
Por isso, regresso aqui, para combater esse Vazio. Para que as palavras se ordenem nos meus pensamentos confusos.