Quase todos nós dizemos que não acreditamos nos signos, mas não resistimos em dar uma olhadela. Não sou excepção e hoje o meu signo dizia simplesmente isto:
" Se estiver em dúvida entre continuar ou não, entre se entregar ou não, ou entre dois amores, entre os dias 7 e 21 chegara a uma conclusão. "
Além de ter confirmado que as pessoas regentes do signo Gémeos são muito complicadas, a primeira coisa que pensei foi ter que rever os meus compromissos para essa altura. Depois foi sentir-me como um iogurte, tenho que rever o meu prazo de validade porque ele está em riscos de terminar. Vamos a ver o que me espera.
Afinal ainda há esperança para encontrar na televisão alguma coisa que nos entusiasme, ou simplesmente, que nos marque.
Na SIC deu o programa de reportagens "Histórias com gente dentro" sendo o tema desta sexta feira o " meu amor". Foi das reportagens mais bonitas, mais emocionantes que, ultimamente, tenho visto na televisão, principalmente quando estamos num tempo onde todos os telejornais, e não só, dedicam uma boa parte a destilar tanto pessimismo e tanto cinismo para as dificuldades que o povo português vai passar no próximo ano.
Uma reportagem digna, sem cair no lado mais fácil, e tentador, da lamechice, aqui vemos o amor no seu estado puro, mas também vemos a solidão, vemos o amor a coisas fisicas, o amor que se compra, o amor saudoso, o amor a uma coisa/causa, o amor perdido, o amor (re)encontrado, a partilha do amor, o amor religioso, o amor à moda antiga, o amor à moda moderna, o amor virtual, o amor pela luta da vida e quando estamos de sorriso aberto com tantas lições de esperança e de júbilo, quando julgamos que a vida é só flores, apesar de alguns espinhos pelo meio, eis que levámos com um verdadeiro soco no estômago com a Regina que diz, sem hesitar, não acreditar no amor porque nunca teve nenhum carinho, mostrando-nos o verdadeiro "outro lado" do amor. È de perder 27 minutos da vossa vida e ver aqui. Vale bem a pena.
Um artista consegue, pelo menos tenta, sempre estar um passo à frente do seu tempo. O génio está varios passos à frente do seu tempo e consegue sempre ser actual durante muitos e muitos anos, conseguindo a verdadeira eternidade através dos seus trabalhos.
Em tempos de uma crise que vivemos e daquela crise, ainda maior, que se aproxima, nada como recorrer aos génios artistas para brincar um pouco com aquilo que vamos deparar nos próximos tempos . Porque a crise não poderá nos tirar a capacidade de sorrir .
E quem melhor do que recorrer ao maior deles todos: Charlie Chaplin.
Sempre gostei de coisas imperfeitas.Um vídeo imperfeito para um momento que se torna perfeito com a banda sonora a pertencer à minha nova "mais do que tudo" na música, mrs. Holly Miranda cantando Lauryn Hill.
Faria hoje 70 anos se não fosse aquela morte estúpida. Mas continua bem vivo nas nossas mentes e nos nossos corações.
8 de outubro de 2010
" Por vezes, recordar o passado é um erro originado pelo orgulho, mas eu acho que se vive no interior de um momento durante anos, movimentamo-nos com ele e sentimo-lo crescer, e ele lança raízes até que toca em tudo o que está à vista"." in "Deixa o Grande Mundo Girar" de Colum McCann
Li apenas um, maravilhoso, livro e várias crónicas certeiras e contos, uns mais políticos do que outros, quase todos belos. Fico feliz por ter ganho o Prémio Nobel ,e claro que vou, assim como muita gente, aproveitar as promoções e dar uma oportunidade para voltar a ler a sua obra.
As emoções levaram as palavras todas. O momento da rendição acabou por ser o concerto de sábado. As canções electrizantes e intemporais, as melodias que nos encantam, a emoção de quem me acompanhou, o sonho realizado para quem lá esteve, a grandiosidade, as palavras certeiras, tudo isso ficou e nada será esquecido. Aqui fica uma das minhas canções favoritas, até porque tem uma frase, que curiosamente ele não a cantou em Coimbra, que deverá ser um dos lemas da minha vida:
Na vida há coisas que passam e há outras que ficam. As que passam são as rotinas que nos permite esquecê-las logo que as terminamos, ou aquelas coisas tristes que queremos enterrar no fundo da nossa memória, as que ficam são aquelas coisas das quais nos lembramos sempre que nos apetecer com um sorriso largo nos lábios. Um concerto dos U2 enquadra-se na segunda categoria, por mais que o tempo passe nunca esqueceremos a enorme emoção extravasada numa noite que teve tudo para ser inesquecível.
Quem esteve presente num concerto dos U2, mesmo que não seja um verdadeiro fã , não mais poderá esquecer o que assistiu: a megalomania genial de 4 homens que fazem tudo para ultrapassar os limites, para serem os maiores, e os mais espectaculares naquilo que fazem proporcionando espectáculos inesquecíveis e inigualáveis.
Foi ao som de “ Space Odditty” de outro génio, David Bowie, que BonoVox, TheEdge, Larry MullenJre Adam Clayton percorreram o caminho do balneário para o palco, no meio de um público que delirava com a sua entrada. Com a assistência já conquistada e em completo delírio, os irlandeses arrancaram com instrumental " Return of the Singray Guitar“para depois arrancar para um inicio poderoso, com " Beautiful Day "/ I Will Follow"/ " Get on Your Boots"/"Magnificent" e uma das canções mais espectaculares, quer visual, quer musicalmente, a sempre maravilhosa e intensa " Misterious Ways".
Mas, um concerto dos U2 não vive de caminhos misteriosos, os seus espectáculos estão registados aí, quer em DVD (provavelmente, o melhor local para termos uma noção exacta do que se passa dentro do estádio), quer em registos amadores que proliferam no Youtube e afins, para se sentir o que é estar dentro daquele que já chamaram, e justamente, o melhor espectáculo do Mundo.
Ali temos um palco gigantesco, um ecrã com imagens que nos entram pelos olhos adentro, uma atitude da banda ao mesmo tempo profissional e tão cool, nunca parando, e temos o essencial: as canções, intemporais, brilhantes e poderosas como sempre.
Com Bono muito comunicativo e a demonstrar excelente forma física, assim como um conhecimento enorme da cidade que os acolheram, principalmente da "grande e respeitosa universidade" brincando com os outros elementos porque "nunca frequentaram a universidade", provou que é um excelente entertainner, um velho sedutor (convidou uma rapariga a dançar com ele em " In a Little While" cantando olhos nos olhos) e um cantor com uma versatilidade imensa que não deixa cair o concerto em monotonia, mesmo quando as canções perdem o gás do inicio. E nunca perdende a sua vertente politica, principalmente em canções mais politizadas como " Sunday Bloody Sunday", "Walk On " ou a sempre brilhante "One".
Bono e seus comparsas têm a lição bem estudada, e não há espaços para erros, nem para fugas, tudo ali parece cronometradamente perfeito, contando com a "ajuda" de um público que por eles dão tudo o que têm, que extravasam a sua emoção, que não param de gritar, de cantar, de saltar, proporcionando uma comunhão tão, ou mais grandiosa, do que aquele palco, de enormes dimensões, que parece nos esmaga.
Não há mais palavras para descrever um espectáculo destes, apenas dizer que, a partir de sábado, fiquei ainda mais fã dos U2, que não descansarei enquanto não tiver todos os CD´s e DVD´s.
Como nota menos do espectáculo, apenas e só a ausência de duas canções que fazem parte da minha preferência: " Angel of Harlem " e " New Year´s Day", mas é apenas um “senão” num espectáculo tão perfeito e tão inesquecível.
PS. Brilhante introdução nesta canção, com Bono a gritar “ Lisboa", e quando as pessoas pensavam que eles se enganaram, eis que ele grita “ Braga”, depois “ Porto” e depois “ Coimbra” para depois arrancar para uma interpretação grandiosa.
O meu concerto dos U2 não começou no sábado, nem sequer na 5ª feira quando tive a certeza que os iria ver, foi à algum tempo atrás, num dia, em plenos anos 90, no tempo onde se diz ser de " descoberta da vida”, mas outras pessoas, mais dadas a sociologia, chamam de “adolescência”, descobri num recanto de casa, uma pasta com alguns discos de vinil da pertença do meu pai.
Como se fossem um segredo bem guardado, comecei a remexer cuidadosamente para ver que discos lá estavam. Entre alguns, não muitos, estavam “Bad” de Michael Jackson (confesso que não fui seguidor deste artista), “ Unplugged in MTV” de Bruce Springsteen ( o meu próximo grande desejo para ver ao vivo), um de Diana Ross, o “The Final Countdown” dos Europe e outros dos quais não tenho maior recordação.
Mas, no meio deles, 3 imagens chamaram-me à atenção: uma capa com um míudo com cara de zangado, olhos de revolta e de aspecto sujo de mãos atrás das costas como se estivesse a preparar-se para ser preso, um disco com uma foto de 4 homens em pose num deserto e uma capa vermelha com uma fotografia espectacular de um castelo em grande destaque. Em todos eles, uma coisa em comum, uma letra e um número: U2.
Com a curiosidade própria da adolescência, abri a capa, tirei o vinil do saco,abri a tampa do gira-discos, limpei o vinil atabalhoadamente à camisola, pousei-o no prato, tirei a agulha e coloquei, com cuidado, naquele filamento do vinil onde a canção começava, quando de repente, qual magia, começo a ouvir o som de uma bateria a bater compassadamente forte, depois seguidamente ouço um "yeah" e o vocalista começa a cantar
I can't believe the news today
I can't close my eyes and make it go away
How long, how long must we sing this song?
How long, how long?
'Cos tonight
We can be as one, tonight ( Sunday Bloody Sunday )
mesmo que, na altura, ainda não percebesse bem a letra, a melodia dizia-me qualquer coisa, ou era o ritmo, a energia, não sei bem, algo chamava-me a atenção.
A partir daí, procurei saber mais daquela banda e comecei a ouvir mais os seus trabalhos. No tempo onde para ter acesso à música, ou era através da rádio, ou em alternativo comprar as k7´s/discos/CD´S, cresci sempre com os U2 lado a lado, fascinado pela grandeza dos seus concertos, principalmente na digressão " Zooropa", a digressão que rasgou quaisquer limites.
Na descoberta de outros caminhos musicais, os U2 ficaram quase como de lado, ouvia os singles, vibrava com algumas canções novas, mas faltava sempre o click para ser um grande fã. Eram daquelas bandas que apreciámos ter um "best-of" porque nele consta os singles mais interessantes.
Nunca fui indefectível, embora admirasse o trabalho de Bono e seus comparsas, quer musicalmente, quer politicamente, quer as suas digressão grandiosas, por isso foi com naturalidade que, um ano antes, com a possibilidade de ter bilhetes comprados para o concerto em Coimbra dei a minha "vaga", mas o bilhete parecia que me estava mesmo destinado e entre desistências de última hora lá surgiu a oportunidade para os ver,o que, depois de muito hesitar, não recusei.
I was on the outside when you said
You said you needed me
I was looking at myself
I was blind, I could not see
A boy tries hard to be a man
His mother takes him by his hand
If he stops to think he starts to cry
Oh why
If you walkaway, walkaway
I walkaway, walkaway...I will follow
<>
PS: este vídeo não é meu, encontrei-o no Youtube...eu estava perto, pertinho do palco a saltar.
Por vezes, tenho a sensação que o tempo foge por entre os meus dedos. Que sou incapaz de o controlar, de me habituar à sua velocidade, que não consigo ter força, ou jeito, ou talvez que me faltará o tal empurrão para o segurar afincadamente com as duas mãos e gozar o que ele me traz ou aquilo que ele me "sugere".
Por vezes, sinto necessidade de mandar parar os segundos que passam a correr no relógio da vida, de recuar, de dar passos para a frente, em vez de dar passos atrás ou para o lado. Na verdade, por vezes penso que na minha vida tenho dado imensos passos para o lado e alguns, felizmente poucos, para trás.
Quando olho para o passado, vejo que não encontro muitas marcas minhas, que deixei um caminho com poucas pegadas, que deixei algumas, sim, mas numa praia onde a água depois veio as apagar o seu rasto. Tenho a sensação de que se a vida fosse uma espécie de RTP Memória, eu nem tinha direito a uns anúncios comerciais quanto mais a ter um episódio de uma série menor que passa a altas horas de madrugada.
Dito isto, penso que a vida é uma súmula de oportunidades, cabe a nós colocá-las no trilho certo o melhor possível para que no final nos tenhamos sentido mais realizados e felizes. E tentar deixar-nos ir no carrossel do tempo sem medos, enfrentando o que ele nos oferece.
Setembro foi um mês longo. Um mês onde os dias se prolongaram por muitas horas, algumas noites de sono foram perdidas, foi um mês duro com duros golpes, algumas alegrias sim, alegrias que me foram dando esperança e força, mas foi um mês difícil onde encontrei realidades que desconhecia, daquelas que imaginávamos encontrar nos outros, mas que num momento nos cai sem avisar e sem nos prepararmos devidamente para as receber.O futuro trará o melhor julgamento para o que aconteceu e ele nos trará a melhor forma para lidar com tudo aquilo que Setembro me trouxe de novo.
De repente, esta canção ganhou mais sentido para mim. Outubro entra por aí e eu não quero mais perder as oportunidades que a vida me dá, não quero deixar mais pontas soltas, quero “ derrubar os muros que me seguram esta noite. / Eu quero alcançar e tocar na chama”. Quero deixar rasto de mim, quero marcar, quero ser marcado, quero VIVER.
Como disse, esta canção, ontem, ainda era Setembro, ganhou mais sentido. Uma oportunidade caída do céu que parecia estar destinada para mim desde o inicio, mas a qual eu não queria olhar. Uma noticia em forma de sms trouxe-me uma enorme hesitação. Um estado nervoso miudinho. Uma necessidade de fazer contas de cabeça. Um coçar de cabeça incontrolável. Uns olhos que, de certeza, estavam a brilhar. Trouxe-me uma necessidade de encontrar o destino, abrir a porta e não ter medo do que vamos encontrar no outro lado.
A vida é tão curta e se não aproveitarmos as oportunidades, principalmente aquelas que nos traz felicidade, (sobre)vivemos infelizes.
Por isso, e agora aqui entra o meu estado eufórico da coisa, amanhã, dia 02 de Outubro, estarei no Estádio Municipal de Coimbra a ver, a vibrar, a cantar, a VIVER o concerto dos U2. E esta canção fará mais sentido ser cantada comigo lá , pronto a passar a mensagem que ela nos quer transmitir a quem quiser...
e tudo terá mais sentido quando dámos oportunidades a nós próprios para sermos felizes.